A dupla Gustavo e Otávio Pandolfo ou Gêmeos, como preferem ser chamados, já estão se acostumando em ver seus trabalhos expostos nas paredes de galerias e museus. Os artistas urbanos, que antes tinham que trabalhar duro para ver seus trabalhos nas paredes das cidades – sempre apagados pelas tintas frias e cinzas dos pinceis da prefeitura, conquistaram seu lugar e agora querem defender o lugar do Museu Casa do Pontal.
O Museu Casa do Pontal foi fundado há mais de 35 anos pelo francês Jacques Van de Beuque, mas agora está sendo tragado pelo crescimento urbano da capital carioca. O Bunker foi criado pelos Gêmeos, uma instalação de quase dois metros de altura feita de cimento e ferro, pesa 20 toneladas e fará parte do acervo permanente do museu. A obra parece uma toca de cimento com porta de prisão que abriga um boneco amarelo, personagem conhecido dos desenhos da dupla. O boneco de gesso tem 1,64 metros de altura e foi pintado com tinta resistente às intempéries do tempo, já que o Bunker está estacionado no jardim do museu. Nas mãos, o melancólico boneco segura um ex-voto, objeto doado às divindades como forma de agradecimento por uma dádiva concedida.
O Bunker vai integrar um acervo com mais de 8.500 peças de 200 artistas brasileiros. A ideia da obra era tratar da preservação, já que nas paredes internas da instalação, os Gêmeos pintaram imagens que remetem à destruição. “A obra é uma espécie de alerta. É triste ver um país tão rico em cultura e tão pouco preservado”, explicou os irmãos.
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